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Mais um fim de ciclo: como me relaciono com o tempo?

Foto do escritor: Thalita MazepaThalita Mazepa

Terminar um ciclo, no geral temos dificuldade com o fim, sentimentos conflituosos entre a paz do dever cumprido e a necessidade de continuar o que foi ou poderia ter sido.


Os inícios, sejam de nascimentos, lançamentos ou mudanças, tem o perfume do novo, possuem energias que impulsionam o movimento. As esperanças e sonhos se tornam fonte de sorrisos de tudo que é possível e a alegria toma conta do momento.


Os fins carregam em si o resultado, a velhice, a formatura, a aposentadoria, energias que finalizam o movimento. As desilusões tirando as ilusões do caminho, transformando os suores e as lágrimas em realidades de um percurso vivido.


O desafio no fim é olhar o caminho percorrido sentir que foi passo a passo por nós mesmos construído.


Sentir, como diria o poeta Amador Nervo: “Se colhi mel ou fel das coisas, foi porque nelas coloquei fel ou mel saboroso. Quando plantei roseiras sempre colhi rosas.”


No fim de um domingo a preparação por vezes angustiante de mais uma semana entre tarefas e desejos, resoluções e conflitos, a vida um passo a mais sendo vivida e se extinguindo.


No mês de dezembro o desafio de percorrê-lo sem a intenção de aprofundamento, as conversas, projetos e planejamentos sendo colocadas para janeiro.


No fim de um ano há necessidade de se despedir do vivido, na esperança de viver novas experiências e todo o não realizado neste ciclo que vai se esvaindo.


Do que fugimos no final de um ciclo? O que prometemos no início de outro? Será que mantemos uma relação de suplício com o tempo? Tentamos comovê-lo em retardar ou acelerar seu movimento de acordo com nossos desejos?


Por mais que em nosso coração tenhamos o intento de aproveitar o tempo de forma frutífera, nos desconectamos de seu movimento de passagem, em cada momento que optamos em nos sobrecarregarmos de utilidades.


Uma noite destas, tive um encontro com o tempo, me permiti, no meio da madrugada abrir a janela da varanda e ficar observando a noite, as estrelas no céu, senti em meus braços o ar gelado e úmido da noite, me dei conta que vivia de verdade um tempo presente, o sentia passar como movimento e simplesmente o apreciava, foi uma noite lenta e rápida, um encontro com o tempo presente; Ele é ao mesmo tempo velho e novo, fim e início. O vi como porta de uma vida única que carrega todos os dias os fins e os começos.


Percebo que viver o tempo mesclado, onde tudo se origina e se finda por escolha e determinação de destinos por nós mesmos traçados, sendo também regido por leis e necessidades que vão além de nossas compressões e explicações fisicamente comprovados.

A relação com o tempo pode carregar a mesma ambiguidade: viver como se nunca fosse acabar, saboreando cada momento como se fosse o último.


Assim não se tratará de fins e começos, mas de desfrutar fazer parte do movimento se tornando amigo do tempo.


Thalita Mazepa


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